O diálogo entre religião e literatura deve ser capaz de estabelecer as bases epistêmicas sobre as quais esse diálogo ocorre. Nesse sentido, a relação do texto com a cultura não é evidente e precisa ser explicada. O artigo parte das atuais teorias dos imaginários sociais e da construção social do silêncio, tentando chegar a um entendimento mais completo do texto apocalíptico da antiguidade judaica e cristã. A teoria dos imaginários traz tanto a questão subjetiva quanto a social do silenciamento; por outro lado, o silêncio e a linguagem são categorias presentes nas religiões, o que contribui para a discussão sobre a relação entre religião e literatura. Assim, o artigo tem uma pretensão teórica e descritiva. Na primeira parte, leva em conta uma teoria da construção social do silêncio, colocando em evidência o papel do silêncio na literatura. Em um segundo momento, mostra como o silêncio está presente em histórias apocalípticas e revela questões centrais do imaginário compartilhadas por esses textos.